O Ministério Público do Estado da Bahia promoveu na tarde desta quarta-feira, 29, uma reunião para intermediar tratativas que permitam a realização de uma pesquisa arqueológica na área que pode abrigar um cemitério de escravizados em Salvador. O encontro, que foi presidido pelo promotor de Justiça Alan Cedraz, coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do MPBA (Nudephac), e pelas promotoras de Justiça Cristina Seixas Graça, Luiza Amoedo e Lívia Sant’Anna Vaz, contou com a participação de integrantes da Santa Casa de Misericórdia, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e da pesquisadora Silvana Olivieri, doutoranda em Urbanismo da Universidade Federal da Bahia. “O MPBA reuniu todos os órgãos que têm interesse na questão do patrimônio cultural material e imaterial para discutirmos uma minuta de um termo de cooperação, que será analisado pela Santa Casa de Misericórdia, que permitirá a realização da pesquisa arqueológica no local”, destacou a promotora de Justiça Cristina Seixas.
De acordo com as pesquisas de Silvana Olivieri, o cemitério, criado no século 18, funcionou por aproximadamente 150 anos, e era administrado inicialmente pela Câmara Municipal e depois pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia. O local teria sido utilizado para sepultamento sobretudo de escravizados, mas também de pobres, indigentes, suicidas e encarcerados. O cemitério foi fechado em 1844, e sumiu na paisagem urbana de Salvador. “Esse achado tem o potencial de abalar as bases coloniais e racistas dessa cidade. Porque a gente sabe que essas práticas coloniais apagam memórias e vestígios de violências e assim se perpetuam. O cemitério trata desse direito à memória, direito à verdade e ao luto. Então eu acho que o impacto vai ser enorme porque se trata de um apagamento proposital”, destacou a pesquisadora Silvana Olivieri.
Crédito das fotos: Sérgio Figueiredo